sexta-feira, 15 de outubro de 2010

República Religiosa e Sectária do Brasil

Talvez por já estar consciente de seu obsoletismo, as igrejas tentam barrar, numa medida que beira a ditadura, qualquer tipo de debate antes mesmo dele se instituir.

A professora Marilena Chaui publicou um vídeo em que analisa a campanha e conclui ser a eleição de Serra o maior risco para a democracia brasileira. Segunda a professora, uma democracia não é apenas o regime instituído. A democracia deve ser a ampliação constante de direitos, não a sua estagnação. O governo Lula, nos oito anos que esteve à frente do poder, prezou exatamente pela ampliação desses direitos, permitindo a milhões de pessoas o acesso a bens e serviços que antes eram direitos de poucos.

Pensando nessa definição da professora Marilena Chaui, eu reivindico o meu direito de poder discutir qualquer questão, em ambiente democrático, sem qualquer tipo de impedimento em nome de um valor religioso que se instaurou e teme perder seus vultuosos lucros.

A campanha eleitoral está em curso e já há imposições a respeito de medidas que serão tomadas somente quando o novo presidente for eleito.

É assustadora a influência que os setores religiosos têm sobre a política nacional. A pressão exercida sobre os dois candidatos, especialmente sobre Dilma, para que sejam vetados de seus programas, e também de suas mais longínquas pretensões, qualquer tipo de discussão que fira os preceitos religiosos é aterradora. Funcionaram como uma verdadeira condição de elegibilidade as imposições de valores religiosos, que devem sempre ser vistos com um olhar relativizante, já que não se trata de uma questão consensual.

De maneira muito acertada, a ex-ministra Dilma afirmou hoje que o Brasil é um país laico, que não proíbe o exercício de nenhuma religião e que, pasmem alguns, garante o direito daquele que se considera ateu.

Porém, a Igreja, ou as igrejas, nunca conseguiu refrear seus dois principais ímpetos: o lucro e o autoritarismo.

Antes mesmo de ser eleita, Dilma está sendo pressionada a se comprometer a não promover qualquer tipo de discussão com a sociedade a respeito de temas como o aborto e a união civil de gays. O atraso e o medievalismo tomam conta da campanha em detrimento do maior bem que a democracia possui: a livre discussão.

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